Brasil: intelectuales y organizaciones saludan al Movimiento Sin Tierra por sus 30 años de vida

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Organizações parabenizam 30 anos de vida e luta pela terra do MST

Nesta quarta-feira (22), o MST completa 30 anos. Veja abaixo depoimentos de vários amigos e organizações da classe trabalhadora em homenagem e apoio ao movimento e à luta pela Reforma Agrária:

Eduardo Galeano, escritor:

Toda a minha solidariedade a essa causa tão justa, talvez a mais justa de todas as causas, que nos devolve a fé perdida no trabalho, na terra e nos ajuda a lutar contra os parasitas que vivem ganhando fortunas à custa dos que querem viver honestamente.

Neste mundo ao contrário, que tem a cabeça nos pés, esses canalhas mandam. O MST nos confirma que essa maldição não é nosso destino. Abraços e desejos de muitas sortes, que vocês merecem.

Noam Chomsky, Linguista, ativista político e filósofo:

O 30º aniversário do MST é um momento tanto de celebração de conquistas importantes durante muitos anos, e da renovação do compromisso de devotar sérios esforços para atigir as metas que o movimento persegue com tanta coragem.  Durante esses anos difíceis e problemáticos, quando as pessoas do mundo foram subjugadas a uma ofensiva neoliberal pelas forças concentradas e coordenadas do poder estatal-privado, o MST tem sido um clarão de esperança para os que sabem que um mundo diferente e muito melhor é possível, um monde no qual os amplos recursos disponíveis estejam sob controle direto do povo, não de aristocracias poderosas, e que sejam usados para as necessidades do povo, que não sejam explorados para o lucro de poucos.  As conquistas do MST para seus militantes tem sido impressionantes, mas o impacto maior do movimento como uma inspiração para outros que compartilham seus ideais dá um significado ainda maior para esses trinta anos de luta dedicada.  Parabéns, com expectativas de maior sucesso pela frente.

Fábio Konder Comparato, Professor Emérito da Faculdade de Direito da USP: 

A partir do surgimento do MST, começou-se a compreender no Brasil que a terra agrícola não deve ser objeto de propriedade privada a ser explorada por outrem, mas sim do direito de uso exclusivo por parte dos que a lavram diretamente.

Paulo Eduardo Arantes, professor aposentado do Departamento de Filosofia da FFLCH da USP.

Celso Furtado declarou certa vez que o MST era o mais importante movimento social já ocorrido no Brasil durante o século XX. Quando lhe perguntaram por que neste século, respondeu: porque no anterior houve a Abolição da Escravatura, colocando no mesmo nível a luta do MST e a dos escravos.  Convenhamos que não é pouca coisa. É por essas e por outras, e enquanto perdurar o cativeiro da terra, que o MST não vai acabar. O Brasil cruzou a barra do século XXI majoritariamente urbano, estendendo o cativeiro da terra até à periferia das grandes cidades.  Há 30 anos atrás nascia o movimento que reinventou entre nós a estratégia da ação direta autônoma, responsável pela mais expressiva, surpreendente e rápida vitória popular de que se tem notícia na história recente do país.  Não só a estratégia, mas também o mesmo espírito de rebeldia voltou às ruas nas revoltas de junho. A rua é hoje o campo expandido da luta, onde estão as novas cercas a serem rompidas.  Ao se reconhecer e se juntar ao jovem e novo proletariado urbano que se insurgiu desde junho, o MST demonstra que continua o mesmo movimento que inspirou a declaração histórica de Celso Furtado: velho de guerra porém novinho em folha.

Pedro Casaldáliga, bispo emérito da prelazia de São Félix do Araguaia (MT)

 Sabemos que devemos contar com a luz e com a força do Espírito, que renova todas as coisas. Somos um movimento de rebelião e utopia. Lutamos com a enxada, plantamos sementes limpas, fazemos a Reforma Agrária popular possível no cada dia. Alongaremos este processo no congresso maior convocado pelas instâncias de luta e de organização que sonham e plantam a mesma utopia. Por muitos 30 anos de caminhada até libertar a terra e tornando «com terra» todo o povo.

Maria Rita Kehl, psicanalista e integrante da Comissão da Verdade:

Tinha notícias do MST pela péssima cobertura da imprensa, desde sua origem. Mas só entendi a grandeza deste que é o maior movimento social do país (ou do mundo?) a partir de 2006, quando tive a oportunidade de participar pelas bordas, oferecendo atendimento em psicanálise na Escola Nacional Florestan Fernandes.  Depois de 6 anos escutando pessoas que vinham de todas as partes do país, e das mais diversas experiências de sofrimento e superação, posso afirmar duas coisas.

1. Uma organização social cuja militância se baseia em princípios de solidariedade é capaz de produzir importantes diferenças subjetivas, além das transformações sociais objetivas a que se propõe. É claro que o sofrimento psíquico tem fundamentos comuns a todo o ser humano, mas encontrei, em meus atendimentos na ENFF, pessoas com recursos subjetivos que me parecem gerados pelo sentimento de pertença coletiva que o MST possibilita – desde que não se tente anular as diferenças individuais, que fazem a riqueza de toda comunidade humana.

2. A partir de 2012, iniciei pela Comissão Nacional da Verdade uma pesquisa sobre as graves violações de direitos humanos entre trabalhadores rurais, no Brasil inteiro, entre 1946 e 1988. Confirmei então a opinião de minha colega de atendimentos na ENFF, Noemi Araújo: só a força da união dos trabalhadores rurais no Brasil foi capaz de interferir no padrão de violência de latifundiários e agentes do Estado contra os camponeses.

Não foi a polícia nem o exército nem os pequenos poderes municipais que alteraram o padrão de resolução de conflitos de terras pela «pistolagem»:  foi a força da união dos trabalhadores rurais. Mas não me esqueço que a redemocratização do Brasil foi contemporânea da criação de uma organização criminosa de latifundiários a contratar pistoleiros armados contra posseiros e pequenos agricultores: a UDR, nascida e tolerada pelo governo «democrático» do presidente Sarney, para tentar derrotar a proposta do MST, de Reforma Agrária com participação popular e justiça social.

Rodrigo Vianna, jornalista e blogueiro:

 A Reforma Agraria é um tema «interditado» no Brasil. Desde sempre. O presidente Jango foi derrubado em 1964 quando enviou um corajoso projeto de Reforma Agrária ao Congresso. Militares, meios de comunicação e empresários estavam (e estão, até hoje) contra a Reforma Agrária.  Jornalista de profissão, sei que a terra e os meios de comunicação são as riquezas mais concentradas em nosso país: seguem nas mãos de poucas famílias. O Brasil é dominado por uma oligarquia – no campo, nas TVs e jornais…

Os governos do PT, especialmente a administração Dilma, não avançaram nessa área.  Cederam, fizeram acordos demais. E assim o interior do Brasil vai se transformando num «deserto verde» – com plantações, pasto, mas quase sem agricultores. O MST é a garantia de que esse debate não vai morrer.  O MST é a pedra no sapato de conservadores que tentam fugir do debate sobre Reforma Agraria no Brasil. O MST é alimento do Brasil. Por isso, vida longa ao MST! Vida longa aos trabalhadores e trabalhadoras que brigam pela Reforma Agrária – acampados em barracas de lona, ou produzindo nos lotes conquistados graças a muita luta!»

Frei Betto, é escritor e religioso dominicano brasileiro:

Salve o MST! 30 anos de luta pela Reforma Agrária, de conquista da terra através de ocupações, de assentamentos e acampamentos pelo Brasil afora. Ao comemorar 30 anos, o MST chora seus mortos e assassinados, celebra suas marchas e caminhadas, renova seu compromisso de buscar outros mundos possíveis como alternativa ao capitalismo neoliberal.  Viva o MST! Deus encoraje cada militante a prosseguir na luta pelos próximos 30 anos! Meu abraço fraterno.

CUT 

No dia 22 de janeiro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completa 30 anos de lutas. Como a CUT, que celebrou três décadas em defesa da classe trabalhadora no ano passado, o MST teve papel essencial na redemocratização do país e continua sendo protagonista nas lutas sociais.

O combate ao latifúndio, ainda uma dívida histórica do Brasil com seu povo, certamente não teria a importância que tem na agenda brasileira e não avançaria como avançou nas últimas décadas sem a mobilização do movimento, com quem dividimos espaços comuns, como a Coordenação dos Movimentos Sociais, por acreditarmos nos mesmos valores.

Defender a Reforma Agrária e apoiar o MST é combater a concentração de terras nas mãos de poucos.

Segundo dados do último Censo Agropecuário do IBGE, 2,8% das propriedades brasileiras são latifúndios e ocupam 56,7% do território para produção agrícola. Já as pequenas propriedades representam 68,2% do total, mas ocupam somente 7,9% da área total brasileira.

Não haverá uma democracia legítima sem a distribuição de terras e condições para que as famílias assentadas possam produzir, distribuir e comercializar alimentos mais saudáveis e que tenham como prioridade alimentar a população brasileira, ao contrário do que faz o agronegócio.

Por isso, a CUT definiu a luta pela Reforma Agrária como uma das prioridades para 2014 e incluirá esta pauta na agenda que será construída pela classe trabalhadora e entregue e cobrada dos candidatos nas eleições deste ano.

Saudamos e celebramos os 30 anos do MST pelo princípio que forjou também a formação da CUT: a defesa de um país mais justo e igualitário.

PCB

O MST comemora seus 30 anos de muita luta como o mais importante movimento social brasileiro, apesar da cumplicidade de todos os governos com a expansão do agronegócio, a repressão e criminalização do estado burguês contra as lutas populares.

O PCB valoriza a forma de luta do MST, a sua inserção junto aos sem terra e aos sem direitos em geral e sua ação política para além dos limites do corporativismo e do movimentismo, inclusive seu caráter internacionalista.

Por isso, o PCB valoriza a unidade com o MST nas lutas anticapitalistas e anti-imperialistas.

Ivan Pinheiro – Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro)

CTB 

Ao completar 30 anos de incessante luta em defesa da democracia, da soberania e da liberdade, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o nosso glorioso MST, realiza seu o seu 6º Congresso Nacional.

Para a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil torna-se imperativo o fortalecimento da aliança dos movimentos sociais, sobretudo, diante do inaceitável abandono da política de Reforma Agrária pelo governo Dilma, que desde o início do seu governo realizou apenas 87 assentamentos, bem menos que seus antecessores.

Para a CTB é necessário reiterar a luta para concretizar esta demanda já secular da classe trabalhadora, do povo brasileiro e cobrar do atual governo, que afinal foi eleito com amplo apoio dos movimentos sociais, a elaboração e execução do 3º Plano Nacional de Reforma Agrária.

A reforma que pleiteamos não se resume aos assentamentos, requer igualmente assistência técnica e infraestrutura adequada para a produção, bem como a regularização das áreas quilombolas.

É indispensável rever os critérios de produtividade, limitar a extensão da propriedade rural e revogar o decreto que impede a desapropriação em áreas ocupadas instituído pelo governo FHC.

Ao contrário do que imaginam as elites econômicas e setores do próprio governo, a Reforma Agrária terá impactos altamente positivos para o desenvolvimento nacional, a produção de alimentos e a valorização do homem e da mulher no campo, que sofre um processo de esvaziamento, agravado pelo desemprego no chamado agronegócio, e abandono.

Além de democratizar a propriedade rural e solucionar o drama dos agricultores sem-terra e assalariados rurais desempregados, a Reforma Agrária fortalecerá a agricultura familiar, que responde por 70% da produção de alimentos no Brasil e 84% da ocupação no campo. A classe trabalhadora e seus representantes não podem abrir mão desta bandeira histórica.

Vida longa ao MST!

Adilson Araújo – Presidente Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB

ABGLT

O Movimento Sem Terra é um dos movimentos mais organizados no Brasil e que tem colaborado muito para a diminuição das desigualdades sociais nesse país. É um movimento que dá o exemplo de organização, de disciplina e de coerência.

Passa governo, vem governo, o MST continua firme na luta com seus propósitos legítimos. Que continue assim e que não precise de mais trinta anos para que sejam realizados seus objetivos de ter terra para gente que precisa, ter uma Reforma Agrária e ter uma sociedade mais justa e fraterna.

O MST é um exemplo para todos os movimentos, inclusive o movimento LGBT. Muito do que o movimento LGBT é hoje foi aprendido com a luta do MST.

Toni Reis, secretário de Educação da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais e doutor em Educação 

PSTU e Conlutas 

Estes 30 anos de vida do MST não podem ser medidos pelo tempo que transcorreu desde a fundação da organização. Tem que ser medidos pela força social, moral e politica que o MST trouxe para a historia brasileira. A força da combatividade, da luta pelos grandes ideais brasileiros, latinoamericanos e mundiais.

A força de uma militância consciente e organizada, que luta não apenas pela democratização da terra, mas pela emancipação dos trabalhadores do campo.

Um grande abraço a todos os companheiros do MST, de quem se considera um ativo simpatizante do MST.

José Maria de Almeida, PSTU e Conlutas

Intervozes

O Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, saúda as companheiras e os companheiros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra pela realização do 6° Congresso Nacional do MST e os parabeniza pelos trinta anos deste que é o maior movimento social do Brasil.

Os que atravessaram a seca, o deserto verde com cheiro de eucalipto e os ventos que carregam os venenos do agronegócio, por todo o país, sabem que a terra continua sendo um dos elementos fundamentais para a disputa pelo poder na sociedade.

E sabem que os dominantes fazem dos meios de comunicação canais para a divulgação de suas ideologias e para a manutenção das desigualdades sociais. Trata-se, portanto, de uma disputa de hegemonia, na qual lutamos com muitas palavras.

Ocupamos, resistimos, produzimos. Cerramos juntos fileiras em ações de combate ao latifúndio da comunicação. Exemplo dessa ação unitária é a campanha «Para Expressar a Liberdade», por meio da qual coletamos assinaturas em apoio ao Projeto de Lei da Mídia Democrática.

Com uma nova lei para a comunicação, queremos que os movimentos não sejam criminalizados pela mídia impunemente e que todos e todas possam se expressar por veículos que cheguem a todos os recantos do país.

O ano que se inicia pode vir a ser mais um ano de lutas populares em nosso país. E será fundamental contar com a maturidade e com a capacidade de mobilização de cada militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra para alargarmos os horizontes e conseguirmos retomar as ruas e reformar a terra e o ar.

 

http://www.mst.org.br/node/15628

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