Corrupción en Petrobras: la Policía acusa al exministro Dirceu y al extesorero del PT

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PF indicia Dirceu por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha

A Polícia Federal (PF) indiciou, nesta terça-feira, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Os investigadores concluíram dois inquéritos que envolvem Dirceu e Vaccari e os encaminharam ao Ministério Público Federal (MPF), que vai decidir se oferece denúncia contra o ex-ministro, o ex-tesoureiro e outras 12 pessoas.

Segundo a PF, a investigação concluiu que R$ 59 milhões foram utilizados para pagamento de propina nesse esquema. A PF pretende fazer mais apurações sobre o caso, mas estima que o valor total possa ultrapassar R$ 84 milhões. Além de Dirceu, foram indiciadas quatro pessoas ligadas diretamente a ele: seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, um ex-assessor, Roberto Marques, um sócio, Julio Cesar dos Santos e sua filha, Camila Ramos de Oliveira e Silva.

Dirceu está preso na carceragem da PF em Curitiba desde 3 de agosto. Nesta segunda-feira, ele optou por ficar calado em depoimento aos agentes federais e em sessão da CPI. Ele é acusado de receber cerca de R$ 19 milhões de empresas investigadas pela Operação Lava-Jato a partir de 2009. O dinheiro foi transferido a ele por meio de contratos de consultorias que seriam fictícios porque, segundo a PF, não foram justificados pelo ex-ministro. Assinaram contratos com a empresa de Dirceu Engevix, UTC, OAS, Camargo Correia e Galvão Engenharia.

Outra parte dos repasses a Dirceu foram feitos por meio do pagamento de serviços, segundo relatou o delator Milton Pascowitch: despesas de fretamento de aeronaves, reformas de imóveis e aquisição de casas e apartamentos. Uma terceira parte do dinheiro vinha de uma mensalidade paga pelas empresas Hope e Personal entre 2010 e 2013, que teriam aproveitado a influência de Dirceu para conseguir contratos com a Petrobras, segundo a investigação.

Hope e Personal também pagaram uma mensalidade semelhante a Fernando Moura, apontado como operador próximo a Dirceu e responsável pela indicação de Renato Duque ao cargo de diretor de Serviços da Petrobras. Entre 2010 e 2013, ele teria recebido R$ 8,6 milhões, segundo cálculos feitos pela PF. O inquérito que envolve as duas empresas corre no STF porque envolve políticos com foro privilegiado.

A defesa do ex-ministro José Dirceu informou que está “analisando a denúncia apresentada pela Polícia Federal nesta terça-feira (1) e se manifestará oportunamente.”

Em outro procedimento concluído pela PF nesta terça-feira foram indiciados os delatores Milton e José Adolfo Pascowitch, além dos operadores Fernando Horneaux de Moura, Olavo Horneaux de Moura. Na mesma ação, a PF apontou indícios de crimes cometidos por Renato Duque, Gerson Almada, Cristiano Kok, e José Antunes Sobrinho.

O relatório da PF indica pagamentos de R$ 25,958 milhões ao PT feitos com a intermediação do operador Milton Pascowitch. A ligação entre ele Vaccari foi estabelecida com a quebra de sigilo telefônico, que mostrou vários contatos, incluindo 33 telefonemas feitos à sede do PT, no centro de São Paulo. Ao final do relatório, o delegado Márcio Anselmo pede mais tempo para investigar os pagamentos feitos ao PT.

GUERRILHA MIDIÁTICA

Segundo a Polícia Federal, os recursos ilícitos que irrigaram a JD Consultoria, empresa de Dirceu, foram utilizados para pagamento de empregados, despesas de filhos e ex-mulheres, assim como a «guerrilha midiática» feita durante o julgamento do mensalão e que buscava desqualificar as autoridades. Para os delegados, a função da empresa de Dirceu era «albergar uma esquadra de jornalistas voltados a polir a imagem do ora investigado e seu grupo político».

«Não há, em mais de seis meses de investigação, a comprovação sequer de um único serviço de consultoria e, na maioria das comprovações apresentadas, para além de “reuniões e relatos verbais”, milhões foram pagos por consultorias sociológicas vazias que, na verdade, mascaram vantagens ilícitas atreladas, em sua maioria, a contratos com o poder público», diz o relatório.

A PF assinala que o fato de ter deixado a Casa Civil e ter tido o mandato de deputado federal cassado não retirou poder político de Dirceu e, mesmo respondendo à ação do mensalão, ele permaneceu com os clientes das «vultosas consultorias vazias».

O Globo

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