Manifestaciones a favor y en contra del impeachment en un día clave para la historia de Brasil

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Enquanto os senadores discursam na sessão que vai decidir sobre a admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, manifestantes contrários e a favor do impedimento se reúnem em lados opostos da Esplanada dos Ministérios em defesa dos seus posicionamentos políticos. O público hoje é menor do que o visto na votação da Câmara dos Deputados, no dia 17 de abril e, dessa vez, não há telões para que os manifestantes acompanhem o debate.

 

Brasília - Manifestantes pró e contra o impeachment da presidenta Dilma, na Esplanada dos Ministérios (José Cruz/Agência Brasil)
Manifestantes  contra impeachment da presidenta Dilma, no lado esquerdo da Esplanada dos Ministérios           José Cruz/Agência Brasil

Do lado esquerdo do muro que divide a Esplanada para evitar confrontos entre os grupos, o servidor público Edmilson Gaspar de Melo disse que, apesar da expectativa de derrota do governo na votação do Senado, é essencial mostrar que esse processo não é apoiado por toda a sociedade. Para ele, o impeachment não é somente contra o Partido dos Trabalhadores e a presidenta Dilma Rousseff, mas contra a democracia e o Estado de Direito.

“Eu defendo que quem não concorda com o golpe vá a rua e mostre a cara, mostrando que efetivamente o golpe não é algo que vai ficar por isso mesmo. É fundamental que o povo, que os 32 milhões de pessoas que estavam na extrema pobreza e saíram e todos que foram beneficiados pelo governo petista mostrem que não dá para concordar com o que está sendo proposto pelos golpistas.”

Melo avalia que a divisão da sociedade brasileira tornou-se perceptível desde as últimas eleições presidenciais, que tiveram um resultado apertado, mas acredita que a maioria dos brasileiros não concorda com o processo de impeachment. “A grande parte da população beneficiada pelos programas sociais dos últimos 13 anos é uma parcela silenciosa da sociedade, que não tem canais para se expressar. Quem está aqui é a classe média e quem é ligado a sindicatos e movimentos sociais”.

Ceiça Pitaguary, da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo, disse que fez questão de marcar presença na Esplanada para se manifestar contra o impeachment.

“É importante estar aqui para mostrar que os povos indígenas não aceitam esse golpe institucionalizado nem um suposto presidente que não teve votos nas urnas e que está dando um golpe no país. Viemos aqui dizer que mesmo que o golpe passe, nós não aceitamos”, disse.

Natural do Ceará, ela está acampada no Memorial dos Povos Indígenas ao lado de cerca de 900 lideranças, desde o dia 10 de abril, para o debate das principais pautas indígenas. Segundo Ceiça, os indígenas temem que o novo governo dê andamento a projetos desfavoráveis, como a PEC 215 – que transfere do Executivo para o Legislativo a prerrogativa de demarcar terras indígenas. “Sabemos que esse governo é alinhado com a bancada ruralista, com a bancada da bala e com a bancada evangélica. Representa um retrocesso de nossas conquistas.”

Verde e amarelo

Enquanto isso, do lado direito da Esplanada, as cores verde e amarelo predominam entre os manifestantes. Do lado dos apoiadores do processo, cartazes e placas comemoram a possível saída de Dilma.

Mesmo sem estar convicta de que Michel Temer seja uma solução para a situação política brasileira, a aposentada Margareth Rocha diz que quer contribuir para um movimento forte das pessoas que comungam da opinião de que o melhor para o país é que a presidenta saia do cargo. “Me juntei com parentes e amigos para ver de perto esse momento, com pessoas que pensam como eu. Eu não estou confiante no Temer, mas só em tirar o PT do governo, eu já acho que adianta muito”, disse a aposentada, de 62 anos, vestida com camiseta amarela.

Brasília - Manifestantes pró e contra o impeachment da presidenta Dilma, na Esplanada dos Ministérios (José Cruz/Agência Brasil)
Manifestantes pró-impeachment da presidenta Dilma à direita do muro que divide a Esplanada dos Ministérios              José Cruz/Agência Brasil

O casal Paula Muniz e Fábio Franze também fez questão de acompanhar a votação em frente ao local mais simbólico para a política brasileira, o Congresso Nacional. “Queria ver de perto esse momento inacreditável, que é a saída de um presidente com a ajuda da voz da sociedade, com a pressão da sociedade. A presidente não tem capacidade de governar, não tem capacidade técnica, articulação, não mostra força”, opinou o autônomo, com a bandeira do Brasil pintada no rosto. O casal diz que não espera muito do vice-presidente, que assumirá o cargo de presidente, caso Dilma seja afastada, porém, diz que as sinalizações iniciais de mudanças do novo governo são positivas.

Rito

Após a manifestação dos senadores – cada um pode falar por 15 minutos – , o relator do parecer sobre o processo de impeachment, Antonio Anastasia (PSDB-MG), favorável à admissibilidade, também vai falar por 15 minutos. Em seguida, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo vai falar em defesa a Dilma.

Orientação de bancada

Os líderes partidários não farão o tradicional encaminhamento de votações por se tratar de um julgamento, e não da aprovação de propostas.
Votação

Os senadores votarão no painel eletrônico do Senado e não vão justificar o voto nem falarão antes de votar. Cada senador pode votar sim, não ou se abster. Após a conclusão da votação, o painel será aberto e o resultado anunciado.
Afastamento

Se os senadores decidirem pela admissibilidade do processo de impeachment, a presidenta Dilma Rousseff deverá ser afastada por 180 dias. O quórum mínimo para votação é de 41 dos 81 senadores (maioria absoluta). Para que o parecer seja aprovado, é necessário o voto da maioria simples dos senadores presentes – metade mais um. O presidente do Senado só vota em caso de empate.

EBC


Dia de paralisações em defesa de direitos leva milhares de trabalhadores às ruas do país

Trabalhadores de diversas categorias, como metalúrgicos, petroleiros, rodoviários, da construção civil, bancários, comerciários e professores aderiram ao Dia Nacional de Paralisações, ontem (10), em defesa da democracia e contra o golpe do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, desde de manhã estão sendo realizados travamentos de avenidas e rodovias e atos em frente a locais de trabalho, em diversos pontos do país, para dialogar com os trabalhadores sobre os riscos aos direitos trabalhistas de um eventual governo Temer. Em todos os estados ocorreram mobilizações de sindicatos e movimentos sociais. Algumas atividades devem durar todo o dia.

Segundo as frentes, o objetivo das manifestações foi chamar a atenção da sociedade brasileira e do exterior para o golpe que se articula contra a presidenta da República. Os movimentos social e sindical buscam dar uma demonstração de resistência ao golpe e à retirada de direitos, representados por um eventual governo do vice-presidente Michel Temer (PMDB, a quem garantem que não vão reconhecer como mandatário legítimo.

As principais avenidas e vias de grandes cidades também foram paralisadas. Em São Paulo, foram travadas a Avenida 23 de maio, a Ponte da Vila Maria, as Marginais Pinheiros e Tietê, as rodovias Dutra, Anhanguera e Bandeirantes. No interior, estudantes da Universidade federal de São Carlos, do Campus de Sorocaba, paralisam neste momento a Rodovia João Leme dos Santos, que a cidade à capital.

No Rio de Janeiro, os trabalhadores dos Correios, bancários e petroleiros fizeram atos, estes últimos na refinaria Duque de Caxias. Em Brasília, os movimentos paralisaram as BRs 020 e 070.

Em Minas Gerais, militantes da Frente Povo sem Medo caminha em direção ao Acampamento pela Democracia, na praça da Liberdade, no centro da capital mineira, para protestar contra o golpe. Pela manhã, movimentos sociais travaram, com pneus em chamas, a BR 265, entre Salinas e Montes Claros, e a BR 040. O ato foi realizado em frente ao trevo de Congonhas, forçando a paralisação das mineradoras Vale, Ferrous Resources, Gerdau e CSN na região. Houve bloqueio também na BR 135, próximo a Buenópolis, norte do estado. Os trabalhadores da Liquigás fizeram um ato em frente ao Centro Operativo na sede da empresa em Betim.

Na Bahia, manifestantes vestidos com as cores da bandeira do Brasil paralisam a Avenida Suburbana e a Avenida Sete de Setembro, em Salvador. Em frente ao Shopping da Bahia, também na capital do estado, agricultores familiares fazem um ato em defesa dos programas sociais do governo federal, entre eles o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que beneficiaram os camponeses e as camponesas.

Durante a manhã, também na Bahia, a BR 324, próximo a Feira de Santana, ficou ocupada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) junto a militantes das centrais sindicais. A rodovia que liga Itabuna a Ilhéus e a avenida Suburbana, em Salvador, também ficou fechada. O mesmo com algumas vias da região do Alto Sertão Sergipano e da região do Baixo São Francisco. Em Pernambuco, a BR 101 Sul, próximo a fábrica da empresa Vitarella, também foi fechada.

Em Vargem Grande, no Maranhão, manifestantes ocuparam a BR 222. Na BR 101, em Suape, Pernambuco, os manifestantes foram reprimidos pela Polícia Militar. Ainda assim a via ficou bloqueada entre as 6h e as 14h. Outros casos de repressão foram registrados em São Paulo, Pernambuco e Espírito Santo.

No Rio Grande do Norte, contra a perda de direitos trabalhistas, os trabalhadores rodoviários organizaram uma paralisação dos ônibus da capital, Natal, até às 12h. Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte também fizeram mobilização contra o golpe.

Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, centenas de manifestantes seguem em vigília contra o golpe, em um ato realizado na Esquina Democrática, no centro da cidade. Durante a manhã, oito oito rodovias foram fechadas no estado.

Em Foz do Iguaçu (PR), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fechou a Ponte da Amizade e a Universidade Latino-Americana. Na capital do estado, Curitiba, cerca de duas mil pessoas fizeram abraço simbólico no Banco do Brasil e na Caixa Econômica. Em Santa Catarina também aconteceram fechamentos de rodovias.

As mobilizações seguiram até o final do dia:

Brasília
16h – Arrancar Cunha Na Unha – Ocupação Congresso

Campinas – SP
17h – Ato contra o golpe e em defesa da democracia – Largo do Rosário

Campo Grande
16h – Ato em defesa da democracia e contra o golpe – Em frente a Fiems (federação das indústrias)

Fortaleza
8h – Ato contra o Golpe – FBP – Centro, Praça do Carmo

Guarulhos – SP
18h – Diante do golpe: o que você tem a dizer? Roda de Conversa – Campus Guarulhos Unifesp (Estrada do Caminho Velho, 333, Bairro dos Pimentas, Guarulhos).

Porto Alegre
17h – Dia Nacional de Luta contra o Golpe – Esquina Democrática

São Paulo
19h – São Paulo Feminista: vamos transformar a política! – Praça Roosevelt

19h – Ato em frente à FMU
Avenida da Liberdade, 899

Rede Brasil Atual

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