Bolívia aumenta as exportações sem ajuda do FMI – Por Sullkata M. Quilla

661

Por Sullkata M. Quilla*

O vice-presidente Álvaro García Linera foi taxativo ao descartar a possibilidade de que o país peça ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional (FMI), e destacou que o modelo econômico boliviano hoje é o único da região com um crescimento planificado superior a 4,5%, informação que é confirmada pelo Banco Mundial.

Na mesma entrevista, García Linera contou que a Bolívia recorria a essa organização financeira desde 2003, época em que o país tinha problemas em sua economia interna, e indicou que neste 2018, pelo quinto ano consecutivo, a economia do país será a que registrará o maior crescimento da América Latina.

Sem se referir especificamente à crise argentina, lamentou que outros países da região atravessem situação de extrema crise, que os obriga a recorrer ao FMI e suportar as duras condições impostas para acessar um crédito que ajude a estabilizar sua economia.

“Essa estabilidade responde ao desenho de um modelo econômico baseado em pilares sustentáveis e sólidos, dentro dos quais figuram a recuperação do excedente econômico, a redistribuição da riqueza, a nacionalização de empresas, a bolivianização da economia e a crescente diversificação econômica”, disse o vice-presidente, e acrescentou: “este modelo funciona e continuará funcionando por mais uma década e meia. Temos combustível suficiente para chegar muito longe”.

A Bolívia, nos últimos 12 anos, tirou ao menos 20% da sua população da extrema pobreza, cifra que não foi alcançada por nenhuma nação vizinha – exceto o Brasil, embora esse, após o golpe de Estado contra Dilma Rousseff e a partir do governo de facto de Michel Temer, venha mostrando um enorme retrocesso nesse aspecto, com uma recuperação dos níveis de desigualdade se aproximando dos números anteriores ao do primeiro governo de Lula da Silva.

García Linera também se mostrou confiante em que os seguintes meses serão de mais fluxo econômico pelo aumento no preço dos minerais, da soja e sobretudo do preço do gás, além de outros produtos de exportação.

Apesar da crise no preço das matérias primas, o país conseguiu acumular reservas durante muitos anos, e não desperdiçou recursos depois de decretar a nacionalização dos hidrocarbonetos em 2006, amparado na renda das exportações de gás natural (vendido para Brasil e Argentina).

Argentina, Brasil e México

Por sua parte, o presidente Evo Morales se reuniu na última semana, em La Paz, com o chanceler do México, Luis Videgaray, que informou sobre a decisão de seu governo de liberar a importação de quinoa boliviana, o que permitirá aos produtores bolivianos exportar esse produto sem restrições.

“O México é um mercado grande, somos um país de mais de 125 milhões de habitantes, no qual a quinoa é um produto que voltou a ser muito popular, e que hoje chegará diretamente de Bolívia”, agregou Videgaray.

Já o ministro de Hidrocarbonetos, Luis Alberto Sánchez, assegurou que a Bolívia garante cumprir com a demanda para a venda de gás ao Brasil pelos seguintes 7 ou 8 anos, enquanto a exportação para a Argentina está consolidada até 2026, além de cobrir o mercado interno “até 2045”.

A Bolívia conta atualmente com 10 trilhões de metros cúbicos de reservas de gás provadas e com múltiplos investimentos em exploração para incrementá-las. “Nos próximos 3 ou 4 anos, deveremos aumentar as nossas reservas de gás natural”, ressaltou o ministro.

(*) Sullkata M. Quilla é antropóloga e economista boliviana, e analista associada ao Centro Latino-Americano de Análise Estratégico (CLAE)- www.estrategia.la

Más notas sobre el tema