Brasil: movimientos sociales piden justicia a dos meses del crimen de Marielle Franco

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Piden respuestas a dos meses del asesinato de Marielle Franco, concejala en Brasil

La izquierda brasileña y grupos de defensa de Derechos Humanos recordaron los dos meses del brutal asesinato de la concejala Marielle Franco y de su conductor Anderson Gomes en el centro de Río de Janeiro, un crimen para el que aún no hay presos ni respuestas concretas de las autoridades.

Un acto organizado por el Partido Socialismo y Libertad (PSOL), al que pertenecía la concejala, y otro de Amnistía Internacional sirvieron para recordar el homicidio y protestar por la demora de las investigaciones.

Franco, negra, bisexual, activista de Derechos Humanos y política de izquierda, fue tiroteada la noche del pasado 14 de marzo, junto con su conductor, cuando transitaba en un vehículo por una calle del centro de la ciudad, tras haber participado en un acto político. Del brutal episodio solo salió con vida una persona: la asesora de prensa de la dirigente política que resultó herida sin gravedad.

Aunque en los últimos días se han revelado nuevos detalles, las investigaciones se desarrollan bajo sigilo y las autoridades se han mostrado renuentes a dar mayor información. Tanto así que organizaciones no gubernamentales como Human Rights Watch (HRW) y Amnistía Internacional (AI) señalaron este lunes que es necesario apurar las investigaciones y dar respuestas concretas sobre el crimen.

«Human Rights Watch insiste en la conducción de una investigación sin demora, rigurosa e imparcial de esos asesinatos», señaló la ONG en un comunicado. Por su parte, AI realizó una acción pacífica, que tuvo lugar en la mañana de este lunes frente a la secretaría de Seguridad Pública de Río para «pedir nuevamente que las autoridades del estado se comprometan públicamente con la elucidación del caso».

Según Renata Neder, coordinadora de investigación de AI, no solo es importante que las autoridades se comprometan a revelar quién mató a la concejala sino quién la mandó matar y cuáles fueron los motivos. Según lo han revelado las autoridades en los últimos días, un concejal, un policía y un exagente son investigados por el asesinato de Franco, después de ser acusados por un testigo.

El testigo, según el diario O Globo, implicó al concejal de Río de Janeiro Marcello Siciliano, del Partido Humanista de la Solidaridad (PHS), y a Orlando Oliveira de Araújo, un expolicía que está preso acusado de comandar en la zona oeste de Río una milicia, como se conoce a los grupos parapoliciales que operan en la ciudad.

Aunque Siciliano negó públicamente en una rueda de prensa cualquier tipo de implicación con el crimen de Franco y afirmó que su relación con la concejala «era buena» y que «nunca hubo conflictos políticos» entre ambos, la revelación de una grabación de una llamada de su celular al parecer indica que sí tenía contacto con milicianos.

Este domingo, el programa Fantástico de la Red Globo reveló conversaciones grabadas por la Policía entre el concejal Siciliano y un miliciano.

El testigo del caso Marielle fue quien suministró a la Policía el número de un celular que habría sido usado por los asesinos en el día del crimen y ese mismo número hacía parte de un grupo de números celulares que ya eran objeto de investigación por parte de las autoridades.

Oliveira de Araújo también rechazó su implicación en una carta enviada desde la prisión al diario O Dia. Fantástico reveló que en la misma carta en la que Oliveira de Araújo negó estar implicado, señaló haber sido presionado por un comisario para confesarse culpable del asesinato. El delator, que trabajó para uno de esos grupos, también acusó a un miembro del batallón 16 de la Policía cuya identidad no fue divulgada.

Ante la posibilidad de que agentes de seguridad hayan participado en el asesinato de la activista, HRW pidió la intervención del Grupo de Actuación Especializada en Seguridad Pública del Ministerio Público (GAESP), responsable de los crímenes o violaciones de Derechos Humanos cometidos por agentes de la seguridad pública.

Franco, de 38 años, socióloga de profesión y quien nació y fue criada en Maré, una de los complejos de favelas más pobres de Río, era conocida por sus denuncias contra los excesos de la Policía y sus críticas a la intervención federal en la seguridad de esa ciudad decretada por el Gobierno en febrero y que puso el control de esa área en manos de los militares un mes antes de su muerte.

El Espectador


Dois meses sem Marielle e Anderson

Manifestantes lotaram nesta segunda-feira (14) as escadarias da Câmara do Rio e a praça da Cinelândia para lembrar os dois meses do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Durante o ato, parlamentares e representantes de movimentos sociais cobraram das autoridades a solução para o crime.

Amiga de Marielle e também defensora dos direitos humanos a vereadora de Niterói Talíria Petrone (PSOL) lembrou que a parlamentar do Complexo da Maré, que foi em 2016 a segunda mulher mais votada para o cargo de vereadora em todo o país, encampava a luta feminista, LGBT, negra e denunciava a desigualdade social do país.

«Tentaram silenciar uma voz que dava prioridade no seu discurso, mas também no seu corpo, àqueles e àquelas marginalizados por um Brasil que não aboliu ainda a escravidão, que não aboliu uma lógica colonial que nos mata e mata filhos de mulheres como Marielle, de mulheres como nós. Num Brasil em que a cada 100 mortos, 71 tem a cor da Marielle. E isso não pode mais ser secundário na política», defendeu Talíria Petrone.

Para a ativista do Movimento Negro Unificado (MNU), Silvia Mendonça, as esquerdas precisam se apropriar das bandeiras de Marielle e ir em direção aos espaços das periferias com o objetivo de ampliar a consciência do povo. Silvia recordou a época em que conheceu Marielle, em 2014, quando as duas lutaram por justiça para a família de Claudia Silva Ferreira, morta na Zona Norte do Rio depois de ser arrastada por uma viatura da Polícia Militar por 300 metros.

«A gente tem que sair daqui agora e sempre para buscar essa unidade entre nós. Assim como essa burguesia e esse fascismo exercem essa unidade, a gente tem que ampliar a consciência do nosso povo que não está aqui, ir para os territórios, para as favelas e para os espaços onde nós não estamos conseguindo trazer quem não está aqui», clamou a representante do Movimento Negro Unificado.

Em entrevista ao Brasil de Fato, os deputados do PSOL Chico Alencar e Marcelo Freixo criticaram o processo de investigação e o vazamento de um depoimento até então sigiloso. O conteúdo incrimina o vereador Marcello Siciliano, do PHS, e o ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo, apontados como mentores da execução de Marielle. Integrante da Comissão Externa da Câmara Federal que acompanha o caso, Chico apontou algumas falhas da investigação.

«O que nós queremos chamar a atenção é para o que nos parece falho na investigação até agora. O pouco cuidado com o carro da Marielle que ficou num pátio exposto, o fato de não terem feito no IML o raio-X necessário para ver a trajetória das balas nos corpos executados, o fato de as testemunhas oculares achadas pelo jornalismo investigativo não terem sido ouvidas de imediato ou até antes pelos investigadores, o fato de se fazer uma perícia, uma reconstituição do episódio só 56 dias depois», pontuou.

Já o deputado estadual Marcelo Freixo afirmou que o vazamento de depoimento não é compatível com a seriedade e complexidade do caso. O deputado criticou, ainda, o que chamou de oportunismo do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que,segundo ele, deveria ter censurado a quebra do sigilo do caso, mas preferiu elogiar os desdobramentos das investigações após a notícia do vazamento.

«É muito grave ver vazamento de uma investigação complexa como essa. No primeiro momento, nós tivemos o vazamento e isso foi corrigido pela Polícia Civil, que fez com que os depoimentos não fossem mais online. Agora, tivemos um vazamento gravíssimo de uma fonte importante, de um depoimento dado à Polícia Federal e não sei com qual intenção. Mas, evidentemente, não é compatível com a seriedade e complexidade de um caso como esse. Sobre o ministro de Segurança, quando ele comemora a informação baseada em vazamento, é lastimável, é um oportunismo despropositado», criticou duramente o parlamentar do PSOL.

Durante o ato, foi estendida uma grande faixa branca na qual as pessoas presentes escreveram mensagens em memória de Marielle e Anderson e cobraram justiça.

Brasil de Fato


Mãe de Marielle diz que seu coração pede que Siciliano não esteja envolvido na morte da filha

«Quem matou Marielle?». Dois meses após o crime, a principal pergunta sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes permanece sem resposta. Emocionados, os pais de Marielle, Marinete da Silva, de 66 anos, Antônio Francisco da Silva, também de 66, participaram de um ato organizado pela Anistia Internacional, na manhã desta segunda-feira, próximo ao prédio da Secretaria estadual de Segurança Pública, na Central do Brasil, e cobraram uma solução para o crime. Marinete diz que seu coração de mãe pede para que o vereador Marcello Siciliano (PHS) não tenha envolvimento no crime.

O GLOBO revelou no último dia 8 que um homem que trabalhou para um dos mais violentos grupos paramilitares do Rio procurou a polícia para contar, em troca de proteção, que o vereador Siciliano e Orlando Oliveira de Araújo — ex-PM preso sob acusação de chefiar uma milícia em Curicica — queriam a morte de Marielle.

— O meu coração de mãe pede para que não seja (não tenha envolvimento do vereador). Acho que é mais doloroso. Eu conheci aquele rapaz lá na Câmara, em algumas vezes em que eu fui. Espero que não seja. É mais doloroso. É uma traição. Sinceramente, espero que não — diz Marinete.

Em entrevista na semana passada, Siciliano negou qualquer envolvimento com o crime e disse que era amigo de Marielle. Ele disse que «está indignado como ser humano» com o relato de uma testemunha de que ele quisesse a morte de Marielle Franco. Siciliano já tinha sido ouvido pela especializada como testemunha, assim como outros vereadores da Câmara Municipal do Rio.

— Gostaria de esclarecer, antes de mais nada, a minha surpresa com relação ao que aconteceu ontem, a minha indignação como ser humano. Minha relação era muito boa (com Marielle Franco), tinha um carinho muito grande. Agora mais do que nunca faço questão de que esse crime seja esclarecido mais rápido que nunca. Estou sendo massacrado nas redes sociais por algo que foi supostamente dito por uma pessoa que a gente nem sabe a credibilidade que tem. Marielle participou da festa do meu aniversário. A região da Cidade de Deus nunca foi meu reduto. Em Curicica, também não tive votos. Coisas totalmente sem pé nem cabeça. Já prestei meu depoimento. Vim me colocar à disposição. Mais do que nunca, quero que esse caso seja resolvido e tenha oportunidade de acabar isso aí porque foi horrível. Estou muito chateado — afirmou, no último dia 9, o vereador.

‘CAMPANHA SADIA’

Segundo Marinete, a família desconhece qualquer problema concreto da filha com milicianos. Marielle, acrescenta a mãe, fez uma «campanha sadia» na Zona Oeste.

— Diretamente eu não sabia (de problemas com milícia) — acrescenta a mãe. O Dia das Mães, neste domingo, foi em família, com um almoço, conta a advogada de 66 anos. À noite, foram homenageados na Feira das Yabás, em Madureira.

O pai de Marielle, Antônio Francisco da Silva, diz que se for confirmado a participação do vereador será «uma indignação muito grande», de uma «traição inadmissível», segundo o aposentado. Ele lamenta a falta de respostas sobre o caso:

— Sessenta dias de angústia, sessenta dias sem respostas das perguntas que fazemos: quem matou a minha filha? Por que matou a minha filha? Até hoje não consigo entender porque foi feito isso com ela. Até hoje não temos, mesmo depois de 60 dias, respostas para essas perguntas.

‘INVESTIGAÇÃO COMPLEXA’, RECONHECE MÃE

Marinete reconheceu que houve avanço nas investigações, mas avalia que precisaria haver «uma coisa mais concreta»:

— Está na hora (de uma conclusão das investigações) porque, apesar de ter um avanço nas investigações, a gente precisa de uma coisa mais concreta. Eu vejo com bons olhos a investigação, mas eles têm o tempo deles. É uma investigação complexa — afirma Marinete, mãe de Marielle. Ela contou que passou o Dia das Mães, neste domingo, em um almoço em família. À noite, foram homenageados na Feira das Yabás, em Madureira.

OUTRA MANIFESTAÇÃO

Um outro ato, também nesta segunda-feira, vai exigir respostas para o crime. O Psol, partido de Marielle, promete estender uma faixa nas escadarias da Câmara de Vereadores, na Cinelândia, às 16h, para que as pessoas escrevam mensagens em memória e por justiça para Anderson e Marielle.

— Mais uma vez, a Anistia vem a público exigir que autoridades de posicionamento por uma precisa investigação do caso Marielle. O Brasil tem um histórico de não investigação e não responsabilização por homicídios de defensores de Direitos Humanos — afirma Renata Neder, coordenadora de pesquisa da Anistia Internacional.

A vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram mortos a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, no dia 14 de março. Uma outra passageira, assessora de Marielle, foi atingida por estilhaços.

O Globo

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