Brasil | Crisis mundial: ¿cuál será nuestro legado? – Por João Domingos G. dos Santos

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Por João Domingos G. dos Santos *

CRISE MUNDIAL – QUAL SERÁ NOSSO LEGADO?

Quero aqui fazer reflexões profundas. Faço isso sobretudoante o clima de pavor, desespero e incertezas que tomou conta da maioria dos brasileiros após os últimos acontecimentosprovocados pelo Governo.

A demissão do então Ministro da SaúdeLuiz Henrique Mandetta, de orientação científica,e sua substituição por um negacionista,  traduz muito mais do que o resultado de uma guerra política. Na verdade, é o que já previmos em algumas mensagens. É o Presidente da República dobrando a aposta a cada lance. Ficou claro agora que a desumanidade, a crueldade, achamadanecropolíticanão são apenas sociopatia de alguns membros do Governo. São agora política de Estado. Se alguma dúvida havia, foram exauridas depois do episódio do dia 19/04, quando o Presidente da Repúblicaparticipou  pessoalmente atos públicos pelo fim da democracia e pelo relaxamento das precauções com a Pandemia que arrasa o mundo. Dos Estados Unidos à Republica do Congo.

É possível enxergar motivos para essa perversão política. A Pandemia da COVID-19, como já dissemos, é enxergada pelos ultra liberais como um gatilho oportunista para implementar o modelo de estado que defende, o modelo do não Estado, do não Governo. Outro aspecto agora nos salta aos olhos quanto ao uso oportunista e perverso desse gatilho no Brasil.

O isolamento social exigido para minorar as perdas de vidas e que busca o controle do avanço da doença, assumido e defendido por mim, trouxe para o mundo social, e especialmente para o movimento sindical, algo de fato desesperador à primeira vista. Tirou nossas principais ferramenta de trabalho e nossas melhores armas na luta: a mobilização genuína, a presença do povo nas praças, nas ruas e nas portas dos palácios. Inviabilizou nossa presença nas fábricas, repartições públicas, nos canteiros de obras. Vetou nosso contato direto com o trabalhador.Nos obrigou a trabalhar, lutar e viver num mundo próximo do virtual, num mundo impessoal e frio, ao qual nunca pertencemos.

Mais dramático que tudo isso, é que fomos levados a lutar no campo do adversário. Lutamos no campo do adversário sem conhecer  suas regras, sem usar suas armas, até porquê nos recusamos a isto. É um mundo onde a verdade, quando existe, tem um valor apenas relativo. Onde a mentira, a desonestidade, a fraude, a crueldade e tudo mais de aético e amoral é a regra, é o padrão. É um mundo de desonra sem vindita. Um mundo de pulhas e psicopatas. E eles têm larga experiência. Já elegeram governos mundo afora. Já demitiram Generais e super Ministros no Brasil.

Pois bem, e agora? Este longo período de isolamento social trará mudanças definitivas no nosso modo de convivência social, profissional, familiar e pessoal. Trará novos e irreversíveis ambientes e formas de trabalhar, produzir,  gerir, pensar e até rezar. Trará certamente mudança profundas nas relações de trabalho e na representação de classe.

Essa é a realidade. Realidade que colhe o sindicalismo na maior crise estrutural, política e financeira da história moderna. Como vamos reagir? O movimento sindical tem feito o que pode.Mas limitadoa protestar, a produzir e divulgar peças nas mídias sociais, às reuniões virtuais de auto agitação, a falar para dentro de si mesmo. Nos tornamos uma fábrica de Notas de Repúdio de baixíssima eficácia. As avaliações das bases sobre a última reunião das centrais sindicaispor meio de videoconferência,ocorrida no dia 14/04, traduzna medida certa o que digo. Na verdade, todo esse caosé compreensível ante a perplexidade e falta de preparo para lidar com as avalanches que acontecem em profusão desde 2017. O que digo aqui é antes de tudo uma autocrítica.

Quanto à CSPB, estamos propondoque essa fase termine aqui, já. Durante esses 4 meses de 2020, uma equipe multidisciplinar tem trabalhado duramente na busca de soluções, a partir do que foi proposto e deliberado na nossa reunião de Diretoria e Conselhos em São Paulo, nos dias 08, 09 e 10 de dezembro de 2019.Nestes tempos do tal “home office”,que não conhece dia ou noite e não tem noção de fim de semana,  não é exagero dizer que estamos trabalhando “full time”. Em que pese o entusiasmo, alguns estão à beira da exaustão. Mas tem valido a pena. Estamos chegando ao final. Estamos propugnando que o mês de maio seja o ponto de partida da reversão desse quadro. Pessoalmente, eu digo que estamos fechando um ciclo, no limiar de um salto de qualidade, tal qual ensinam as leis da dialética.

O projeto PRONASERV, utopia de duas décadas da CSPB, descortinou um novo mundo para muito além de um programa de benefícios para servidores públicos. Um grupo de grandes empresas e empresários, dentre os quais o mais conhecido no nosso meio é a SON – SindicatosOnLine, multiplicou nosso projeto inicial e criou um verdadeiro ecossistema para o mundo sindical,atendendo à realidade atual e às obrigatórias adaptações para o futuro imediato. Não apenas para servidores públicos, mas para todas as categorias de trabalhadores.

Esse ecossistema é um mundo real com soluções digitais.É na verdade o contraponto para o mundo virtual do ultraliberalismo neofacista. Com soluções de altíssima tecnologia, mão de obra robotizada, decisões sugeridas por inteligência artificial, informações e dados de tudo que nos interessa em tempo real, soluções de comunicação, marketing, assistência mercadológica e financeira em todos os campos das necessidades do trabalhador, quer seja de saúde, educação, cultura, lazer, finanças ou consumo em geral. Tudo novo, inusitado e sem paralelo no mercado. Feito exclusivamente para ostrabalhadores e sob orientação do movimento sindical.Isto parapermitir que o sindicato continue cobrando as obrigações do Estado, mas ao mesmo tempo oferecendo soluções enquanto aquelas não vêm,e queparecem cada vez mais distantes na atual conjuntura nacional e mundial.

Nosso projeto estratégico é simples e conhecido. Dar soluções de consumo ao trabalhador, preencher as lacunas da ausência do Estado, respondendo à falta de políticas públicas sociais, trazer de volta o trabalhador para o sindicato, fortalecer e capitalizar a entidade para equilibrar a correlação de forças nas relações de trabalho.Os sistemas “árvore” da CSPB no setor público e da CNTTT no privadoserão os projetos-pilotos.

Na verdade, estamos aqui falando de criar um projeto-piloto da entidade sindical do futuro, cuja estrutura, ação sindical, financiamento einteração institucional jamais serão os mesmo de hoje, ou melhor, de ontem. Até mesmo o objeto do sindicato deve ser revisto, para quea entidade tenha presença integral na vida do representado.

Ou fazemos essas mudanças, ou o sindicato continuará sendo percebido como instituição desnecessária ou insuficiente para as novas demandas, formas e meio de vida do trabalhador dessa nova era. Sua função de transformador da sociedade continuariana crescente escalada de substituição por instituições religiosas, ONGs e até do crime organizado, segundo o Professo Pochmann, dentre tantas outras faces do(s) Estado Paralelo claramente percebido em mais de uma dimensãoem nosso país.Estamos fazendo esse renascimento no auge da maior crise da história, o que certamente é uma oportunidade de renascermos propostas e respostas certas para o futuro em transformação.

* Presidente de laConfederação dos Servidores Públicos do Brasil (CSPB)


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