«Violación flagrante»: Brasil lamenta ante la OMC los aranceles «arbitrarios» de EEUU
El Gobierno de Brasil criticó, en una reunión en la Organización Mundial del Comercio (OMC), los aranceles impuestos por Estados Unidos a decenas de los países. Esto ocurre en un contexto de intensificación de la presión arancelaria por parte de Washington sobre una amplia gama de Estados, entre ellos Brasil.
«Los aranceles arbitrarios, anunciados e implementados de forma caótica, están interrumpiendo las cadenas de valor globales y corren el riesgo de lanzar la economía mundial a una espiral de precios altos y estancamiento», declaró el secretario de Asuntos Económicos y Financieros del Ministerio de Relaciones Exteriores de Brasil, Philip Fox-Drummond Gough.
El diplomático brasileño añadió que las medidas unilaterales constituyen una «violación flagrante» de los principios fundamentales que sostienen a la OMC y que son esenciales para el funcionamiento del comercio internacional.
En este sentido, el representante brasileño en la OMC subrayó que el mundo está siendo testigo de un cambio «extremadamente peligroso» al usar los aranceles como herramientas para «interferir en los asuntos internos de otros países».
El diplomático defendió el multilateralismo y aseguró que Brasil seguirá priorizando la búsqueda de soluciones negociadas, basadas en las buenas relaciones diplomáticas y comerciales.
La subida arancelaria impuesta por Washington a Brasilia podría entrar en vigor el 1 de agosto. De momento, el Gobierno brasileño está teniendo dificultades en negociar con la Administración de EEUU y analiza impulsar medidas para socorrer a las empresas más afectadas.
Na OMC, Brasil diz que tarifas não podem ser usadas contra soberania
Embaixador defende união das economias em desenvolvimento.
Representando o governo brasileiro na reunião do Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Fox-Drummond Gough, criticou o uso de “medidas comerciais unilaterais como instrumento de interferência nos assuntos internos de outros países”.
Durante o encontro, em Genebra entre os dias 22 e 23 de julho, foram debatidos, por iniciativa do Brasil, temas relativos à necessidade de respeito ao sistema multilateral de comércio baseado em regras.
“Infelizmente, neste exato momento, estamos testemunhando um ataque sem precedentes ao Sistema Multilateral de Comércio e à credibilidade da OMC. Tarifas arbitrárias, anunciadas e implementadas de forma caótica, estão interrompendo as cadeias de valor globais e correm o risco de lançar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação”, discursou o diplomata brasileiro.
Recentemente, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o aumento tarifário a ser aplicado a partir de 1º de agosto sobre produtos brasileiros exportados para os EUA.
Nas manifestações, Trump tem associado a medida a supostas desvantagens comerciais na relação entre os dois países e, também, à forma como as investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro têm sido conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Violação flagrante
Segundo Philip Fox-Drummond Gough, tais medidas unilaterais representam “violação flagrante dos princípios fundamentais que sustentam a OMC, essenciais para o funcionamento do comércio internacional”. Ele alertou sobre os riscos desse tipo de tratamento para a economia mundial, uma vez que mina coerências jurídicas e previsibilidade do sistema multilateral de comércio.
“Além das violações generalizadas das regras do comércio internacional – e ainda mais preocupantes –, estamos testemunhando uma mudança extremamente perigosa em direção ao uso de tarifas como ferramenta para tentar interferir nos assuntos internos de terceiros países”, argumentou o diplomata brasileiro.
Reforma estrutural
Diante desse cenário preocupante, o Brasil voltou a defender que os países redobrem seus esforços em prol de uma reforma estrutural do sistema multilateral de comércio e da plena recuperação do papel da OMC.
“Continuaremos a priorizar soluções negociadas e a confiar em boas relações diplomáticas e comerciais. Caso as negociações fracassem, recorreremos a todos os meios legais disponíveis para defender nossa economia e nosso povo – e isso inclui o sistema de solução de controvérsias da OMC”, complementou.
Na sequência, o diplomata brasileiro disse que a incapacidade de encontrar soluções promoverá “uma espiral negativa de medidas e contramedidas que nos tornarão mais pobres e mais distantes dos objetivos de prosperidade e desenvolvimento sustentável”.
União das economias em desenvolvimento
Ao final, disse que o Brasil está pronto para começar a trabalhar em direção a uma reforma estrutural e abrangente da OMC, e defendeu a união das economias em desenvolvimento para lidar com a situação.
“As economias em desenvolvimento, que são as mais vulneráveis a atos de coerção comercial, devem se unir em defesa do sistema multilateral de comércio baseado em regras. Negociações baseadas em jogos de poder são um atalho perigoso para a instabilidade e a guerra”.