Temer, la solución que se volvió un problema – Por Elio Gaspari

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Los conceptos vertidos en esta sección no reflejan necesariamente la línea editorial de Nodal. Consideramos importante que se conozcan porque contribuyen a tener una visión integral de la región.

Temer pareceu uma solução e tornou-se um problema porque, depois da revelação do conteúdo da escandalosa conversa do senador Romero Jucá com o ex-colega Sérgio Machado, cobriu-o com os seguintes adjetivos: “competente”, dotado de “imensa capacidade política” e “excepcional” formulador de medidas econômicas.

Segundo Temer, o ministro “solicitou” seu afastamento. Tudo bem, fez isso, depois de se aconselhar com Elvis Presley, que está vivo. Sua ausência estaria relacionada com “informações divulgadas pela imprensa”. Falso. O repórter Rubens Valente não divulgou apenas informações, transcreveu áudios e colocou-os na rede. Jucá tentou embaralhar a discussão e foi prontamente desmentido pela própria voz.

Temer nomeou Jucá para o Ministério do Planejamento sabendo quem ele era. O doutor celebrizou-se comemorando de mãos dadas com o notável Eduardo Cunha o fugaz rompimento do PMDB com o governo.

É impossível acreditar no que o governo disse na segunda-feira, mas é plausível supor que Temer e Jucá, homem de “imensa capacidade política”, compartilhem visões da crise. O senador foi repetidamente apresentado como um dos cinco grandes conselheiros do vice-presidente, integrante do seu “estado-maior”.

Em sua conversa com Machado, Jucá produziu um retrato perfeito e acabado da oligarquia política ferida pela Lava-Jato:

“Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”.

Pergunte-se, o que quer “essa porra”?

“Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura.”

Desde que aderiu à fritura da Dilma Rousseff, Temer deu diversos sinais de antipatia objetiva e simpatia retórica pela Lava-Jato. Pena.

Um trecho da fala de Jucá é significativo e preocupante:

“Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.”

Jucá teve seu momento de vivandeira.

Os “caras” garantem a ordem no cumprimento da Constituição e não precisavam conversar com o doutor para reiterar esse compromisso. É bom que monitorem o MST e aquilo que Lula chamou de “o exército” de João Pedro Stédile. Contudo, salta aos olhos que, para Jucá, era conveniente misturar a manutenção da ordem com uma trama política escandalosa em relação à qual os militares nada podem fazer, pois a Lava-Jato é assunto do Judiciário.

Felizmente, Machado era um grampo ambulante. Ele chocou o país com a conversa e haverá de chocá-lo muito mais revelando o que sabe do PSDB, do PMDB e da Transpetro, que presidiu por dez anos, abençoado por Lula e pelo PT.

A primeira quinzena do atual governo pode ser malvadamente comparada à lua de mel de Marcello Mastroiani com Claudia Cardinale no filme “Il Bell’Antonio”.

A ideia de que o atual governo possa aumentar impostos, mexer em leis trabalhistas e alterar os prazos para as aposentadorias de quem já está no mercado de trabalho é uma perigosa ilusão.

Se Temer tivesse formado o ministério de notáveis prometido pelo seu departamento de efeitos especiais, talvez isso tivesse sido possível. Jucá, um investigado pela Lava-Jato, deixou o ministério e, no seu lugar, interinamente, ficou um cidadão investigado pela Operação Zelotes.

O Globo

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