Bolsonaro se reunió con un represor de la dictadura

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Bolsonaro se reunió con represor de la dictadura

El presidente brasileño Jair Bolsonaro recibió en el Palacio de Planalto a Sebastiao Curió, exoficial del ejército y uno de los mayores represores durante la dictadura militar en los años 70, además de comandar a un grupo de exterminio.

La reunión tuvo lugar a las 10H20 (horas local) del lunes, pero no estaba en la agenda oficial del presidente, publicada por la Secretaría de Comunicación Social, y en horas de la noche la incluyeron.

El mayor Curió, de 85 años, quien pasó a la reserva como coronel, fue denunciado por el Ministerio Público Federal por homicidio y ocultamiento de cadáveres durante la lucha contra un grupo insurgente.

En 2009, Curió declaró al periódico «O Estado de S. Paulo» que el Ejército ejecutó a 41 opositores a la dictadura en Araguaia.

La llamada “Guerrilla de Araguaia” fue el brazo armado del Partido Comunista de Brasil en el estado de Para, en el corazón del Amazonas de la región norte del país suramericano.

Los archivos privados del militar revelados la década pasada describen la política de exterminio comandada durante los gobiernos de los dictadores Emilio Garrastazu Médici y Ernesto Geisel.

Sebastiao Rodrigues de Moura, conocido como mayor Curió, torturó personalmente a sus prisioneros, usando barras de hierro o puños, y nunca mostró emoción, según versión de testigos. El militar era un torturador sistemático, alguien que quería ver «resultados».

La guerrilla de Araguaia fue un movimiento contrario a la dictadura militar (1964-1985), que funcionó entre las décadas de 1960 y 1970. La lucha entre la guerrilla y el ejército tuvo lugar en la frontera de los estados de Goiás, Pará y Maranhão, dejando a 67 opositores a la dictadura muertos.

Según el Ministerio Público, Curió y los militares subordinados a él fueron tan lejos como matar a las personas detenidas a pesar de que se rindieron y no mostraron resistencia.

«Se demostró que los crímenes se cometieron en el contexto de un ataque sistemático y generalizado contra la población civil brasileña, promovido con el objetivo de garantizar el mantenimiento del poder usurpado en 1964, a través de la violencia», declara el MPF.

teleSUR


Bolsonaro recebe no Planalto militar responsável por repressão à Guerrilha do Araguaia na ditadura

O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta segunda-feira (4) o tenente-coronel reformado do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura, 85, um dos militares responsáveis pela repressão à Guerrilha do Araguaia nos anos 1970, durante a ditadura militar.

Apesar de ter ocorrido no período da manhã, o compromisso não constou na agenda oficial do presidente durante toda a segunda e só foi incluído por volta das 21h20.
O militar reformado é ex-oficial do CIE (Centro de Informações do Exército) e ex-agente do SNI (Serviço Nacional de Informações).

Participaram da agenda parentes de Curió e Leonardo Rodrigues de Jesus, primo dos filhos do presidente que trabalha no gabinete do senador Chico Rodrigues (DEM-RR).

Segundo arquivos guardados pelo militar reformado e revelados em 2009 ao jornal O Estado de S. Paulo, as Forças Armadas executaram na Guerrilha do Araguaia 41 militantes que já estavam presos e amarrados. No total, 67 militantes foram mortos durante o conflito com militares no Araguaia.

Curió coordenou ainda, entre 1980 e 1981, o garimpo de Serra Pelada, no Pará. Foi deputado federal e prefeito de Curionópolis (PA), cidade que ajudou a fundar.

Fotos do encontro no Palácio do Planalto foram publicadas pelo senador Rodrigues, que classificou Curió como «homem de honra» e «defensor dos garimpeiros do Brasil».

Capitão reformado do Exército, o presidente Bolsonaro é um defensor da ditadura militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985.

Em agosto do ano passado, Bolsonaro recebeu no Planalto Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos principais símbolos da repressão durante a ditadura.

FolhaPe


Os crimes cometidos por Major Curió, torturador recebido por Bolsonaro no Planalto

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniu, nessa segunda-feira (4), no Palácio do Planalto, com Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió, de 84 anos. O oficial do exército comandou a repressão à Guerrilha do Araguaia, no Pará, no final da década de 1960 e início da década de 1970. O militar passou para a reserva como coronel e foi denunciado pelo Ministério Público Federal por tortura, homicídio e ocultação de cadáver, chegando a confessar participação em assassinatos.

Ao postar, nessa segunda (4), no Facebook, a foto do encontro entre Bolsonaro e Curió, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) definiu o momento como «histórico» e caracterizou o torturador como um «homem de honra» e «defensor dos garimpeiros».

Apesar das graves acusações de tortura, Curió conseguiu construir uma imagem controversa como «líder carismático» no Pará. O militar foi um dos fundadores de Curionópolis, cidade que recebeu o nome em sua homenagem. O município, onde se localiza o distrito de Serra Pelada, teve Curió como prefeito por dois mandatos (2001-2008). Anos antes, ainda durante o regime militar brasileiro, Curió se construiu como «defensor dos garimpeiros» durante sua atuação como deputado federal (1983-1987).

Centro clandestino de tortura

No relatório da Comissão Nacional da Verdade, de 2014, há detalhes da mecânica utilizada pelos militares envolvidos em uma série de violações de direitos. Sebastião Moura era um dos militares à frente da Casa Azul, um centro clandestino de tortura, localizado em Marabá, no sudeste do Pará, que abriga a sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

As torturas seguiam um manual elaborado pelo Centro de Informações do Exército (CIE), intitulado Contraguerrilha na Selva. Segundo o documento, no ato da prisão, o guerrilheiro era obrigatoriamente interrogado e, nesse momento, era também espancado, furado com baionetas e até arrastado pela mata. Depois, era conduzido a uma base distrital para outro interrogatório, em que era novamente torturado e até morto.

Sebastião Moura também era conhecido por “Doutor Luchini”. Ele chegou a Araguaína, no Tocantins, em maio de 1973, se apresentando como engenheiro civil do Incra, no Projeto Fundiário Araguaína. Curió circulava na cidade em um carro sem identificação militar junto a outros agentes disfarçados. Segundo relato do próprio coronel, havia uma série de atividades clandestinas desenvolvidas pelos agentes do Estado na região.

Novas denúncias

Em março deste ano, oito procuradores da República, integrantes da força-tarefa Araguaia, protocolaram mais uma denúncia contra Curió. “Sebastião Curió, no início do ano de 1974, no município de Brejo Grande do Araguaia, no Pará, no exercício ilegal das funções que desempenhava no Exército brasileiro, em contexto de ataque generalizado e sistemático — e com pleno conhecimento das circunstâncias deste ataque — contra opositores do regime ditatorial e população civil, matou, em concurso com outros membros das Forças Armadas ainda não totalmente identificados, Cilon da Cunha Brum e Antônio Teodoro de Castro”, cita a denúncia.

Apesar de ser estratégia comum dos militares atribuir o crime de tortura a apenas um momento da corporação, o documento da Comissão Nacional da Verdade afirma que «a existência de agentes especializados em ‘interrogatório’ — comprovada nos relatórios militares — vai de encontro à tese de que os inúmeros episódios de tortura não passavam de excessos cometidos por agentes individuais».

Assassinatos, desaparecimentos, honrarias e confissões

As contradições nos crimes de torturas são vastos e aparentemente fazem parte de um mesmo sistema que era justamente feito para tornar mais difíceis os acessos a esses arquivos. Luiza Garlippe, conhecida como «Tuca» e «Dona Maria», foi considerada desaparecida em 1974, quando tinha 33 anos, pelo Relatório do Ministério do Exército. Já no Ministério da Marinha, ela é citada como morta em 1974.

Major Curió esteve à frente da Operação Sucuri, em 1973, comandando o posto de Marabá (PA) durante a Operação Marajoara, de outubro de 1973 até o final de 1974. No mesmo ano, ele foi elogiado pelo chefe da 2ª seção e coordenação executiva do Centro de Operações de Defesa Interna/Comando Militar do Planalto (CODI/CMP).

O militar disse que Curió, “na árdua tarefa de combate à subversão, demonstrou não somente coragem e arrojo, como habilidade e imaginação na solução dos problemas com que se deparou”.

A primeira denúncia do MPF contra curió foi em 2012, por ele ter promovido a privação permanente da liberdade, mediante sequestro, de cinco pessoas: Antônio de Pádua Costa, Daniel Ribeiro Callado, Hélio Luiz Navarro de Magalhães, Maria Célia Corrêa e Telma Regina Cordeiro Corrêa.

Curió confessou ter participado do episódio que levou à morte de Lúcia Maria de Souza, desaparecida em 1973, cujo corpo não foi localizado até hoje. Ele também participou da prisão de Dinalva Oliveira Teixeira e Luiza Augusta Garlippe, em 1974, ambas assassinadas.

Outras lideranças da guerrilha foram alvo de ações comandadas pelo major. Ele confessou, por exemplo, ter sido designado pelo tenente-coronel Léo Frederico Cinelli, chefe do Centro de Triagem e Informação (CIT), para prender Dinalva Oliveira Teixeira (Dina) e Tuca. As duas foram detidas e entregues desarmadas para Cinelli, que, segundo Curió, é “quem deve falar sobre isso”.

«O tenente-coronel Léo Frederico Cinelli mandou Curió buscar Maria Dina de helicóptero. […] Maria Dina ficou dois dias de tortura na Casa Azul. O sargento Santa Cruz disse que a viu embarcar com Curió num helicóptero, […] [foi levada] até a casa de Galego. Após uma hora de caminhada, o grupo parou. Maria Dina estava sentada no chão quando os militares descarregaram as armas», disse o sargento Santa Cruz, em depoimento reservado à CNV, reforçando que “os que eram capturados vivos eram entregues na Casa Azul”.

Em depoimento ao MPF, em 2001, Raimundo Santos, declarou que outro guerrilheiro, Nelson Lima Piauhy, foi morto em uma operação comandada pelo então capitão Curió. Major Curió foi convocado pela CNV, mas apresentou atestado médico para justificar a impossibilidade de comparecimento. Em 1973, ele recebeu a Medalha do Pacificador em Palmas, no Tocantins.

Vítimas de Curió

As seguinte vítimas estão diretamente relacionadas ao homem que se reuniu com o presidente Bolsonaro: Antônio de Pádua Costa, Daniel Ribeiro Callado, Hélio Luiz Navarro de Magalhães, Maria Célia Corrêa, Telma Regina Cordeiro Corrêa, Dinalva Oliveira Teixeira, Nelson Lima Piauhy Dourado, Luiza Augusta Garlippe, Dinaelza Santana Coqueiro, Oswaldo Orlando da Costa e Suely Yumiko Kanayama.

Torturas na Casa Azul

Localizada em Marabá, no sudeste do Pará, no quilômetro 1 da rodovia Transamazônica, a Casa Azul era um centro de prisão clandestino utilizado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) como um Centro de Informações e Triagem (CIT).

Segundo a CNV, acredita-se que morreram mais de 30 guerrilheiros no local em decorrência de tortura ou por execução. Os principais alvos eram militantes do PCdoB e moradores locais acusados de apoiar a guerrilha.

Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, em audiência pública em Marabá, em 2014, Abel Honorato conta que foi detido e encaminhado para a Casa Azul em 1972, sob a acusação de ser amigo de Oswaldão, um militante temido e procurado pelo Exército na região.

No local, ele foi torturado e, quando foi solto, seu estado físico era grave. “Lá me bateram com vontade. Me retiraram daqui (de Marabá) semimorto. Saí vestido numa saia, pois não podia botar uma calça”.

Depois que foi liberado, o homem conta que foi obrigado a servir de mateiro para as Forças Armadas. «Disseram pra mim: ‘Você vai agora voltar e vai ter que dar conta dos seus companheiros’. Fui obrigado a trabalhar de guia até depois da guerra, sob os olhos de Curió [o coronel Sebastião Alves (sic) [Rodrigues] de Moura. Até em Serra Pelada [garimpo dirigido por Curió na década de 1980], fiz missões para ele. Tem 40 anos dessa guerra, mas pra mim é um desgosto. Fui muito judiado, fui muito acabado. Até hoje eu não sou ninguém. […] Eu tive de contar até o que não sabia para escapar. Eu tive que dizer, forçado, que não fui um amigo do Oswaldão, mas hoje eu posso dizer, de verdade, que fui amigo dele, pois ele foi amigo da região, ajudou muita gente», conta.

Brasil de Fato


Moro reafirma à PF que Bolsonaro queria interferir politicamente na corporação

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro reafirmou à Polícia Federal que o presidente Bolsonaro queria interferir politicamente na corporação. No depoimento prestado no sábado (2), em Curitiba, Moro também apontou os caminhos para a obtenção de provas do que ele disse quando pediu demissão do ministério.

O depoimento tem 15 páginas. O Jornal Nacional teve acesso ao documento que reúne as primeiras declarações de Sergio Moro à Polícia Federal sobre a acusação de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir em investigações da Polícia Federal.

Moro confirmou as acusações já feitas no pronunciamento do dia da demissão, de que o presidente Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal, e explicou que não foi o responsável pela menção a crimes eventualmente cometidos pelo presidente; que as indicações dos possíveis crimes foram feitas pelo procurador-geral da República.

Moro contou que, durante o período que esteve à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, houve solicitações do presidente da República para substituição do superintendente do Rio de Janeiro, com a indicação de um nome por ele, e depois para substituição do diretor da Polícia Federal, e, novamente, do superintendente da Polícia Federal no estado do Rio de Janeiro, que teria substituído o anterior, novamente com indicação de nomes pelo presidente.

O ex-ministro disse que tudo o que narrou em seu pronunciamento sobre a saída do governo é verdadeiro e o objetivo era preservar a autonomia da Polícia Federal, da substituição de diretor e de superintendentes sem causa e com desvio de finalidade.

Questionado se identificava crimes cometidos pelo presidente, Moro disse que a investigação cabe às instituições competentes e que não afirmou que o presidente teria cometido algum crime. E que quem falou em crime foi a Procuradoria-Geral da República na requisição de abertura de inquérito. E agora entende que essa avaliação, quanto à prática de crime, cabe às instituições competentes.

Moro contou que Bolsonaro começou a insistir na troca do chefe da PF no Rio em agosto do ano passado, assim como a substituição de Maurício Valeixo da direção-geral da PF. Ele relatou que conseguiu demover o presidente por um tempo, mas que o assunto retornou com força em janeiro de 2020, quando o presidente disse a Moro que gostaria de nomear Alexandre Ramagem no cargo de diretor-geral da Polícia Federal, e Valeixo iria, então, para uma adidância. Que isso foi dito verbalmente no Palácio do Planalto; que, eventualmente, o general Heleno se fazia presente; e que esse assunto era conhecido no Palácio do Planalto por várias pessoas.

Moro relatou à PF que pensou até em concordar, mas concluiu que não poderia trocar o diretor-geral da PF sem motivo. E que como Ramagem tinha ligações próximas com a família do presidente, isso afetaria a credibilidade da Polícia Federal e do próprio governo, prejudicando até o presidente.

Delegados perguntaram a Moro se o motivo da intenção de Bolsonaro de trocar Valeixo por Ramagem era proximidade. Moro afirmou que o presidente, nessa época, lhe dizia que era uma questão de confiança.

Moro falou que, em janeiro, chegou a negociar a troca de Valeixo, mas por dois nomes indicados por ele, Moro. Ele entendia que a troca geraria desgaste, mas não abalaria a credibilidade da PF ou do governo. E que a substituição sem causa do diretor-geral e a indicação de uma pessoa ligada ao presidente e à sua família seriam uma interferência política na PF.

Ele relatou à Polícia Federal situações em que foi cobrado pelo presidente para trocar o superintendente do Rio de Janeiro, o delegado Carlos Henrique Oliveira.

Que, no começo de março de 2020, estava em Washington, em missão oficial com o Dr. Valeixo – se referindo a Maurício Valeixo, então diretor-geral; que recebeu mensagem pelo aplicativo WhatsApp do presidente da República, solicitando, novamente, a substituição do superintendente do Rio de Janeiro, agora Carlos Henrique. Que a mensagem tinha, mais ou menos, o seguinte teor: “Moro, você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”. Que esclareceu que não nomeou e não era consultado sobre as escolhas dos superintendentes; que essa escolha cabia, exclusivamente, à direção-geral da Polícia Federal.

Moro relata que conversou sobre isso com Valeixo, que relatou estar cansado da pressão do presidente para trocá-lo e também substituir o chefe da PF no Rio, e que Valeixo disse, então, que concordaria em sair.

Afirmou que, nesse momento, não havia nenhuma solicitação sobre interferência ou informação de inquéritos que tramitavam no Rio de Janeiro.

Segundo o depoimento, cresceram as insistências do presidente, e Bolsonaro chegou a mencionar a intenção de trocar também o superintendente de Pernambuco.

Moro afirmou que, crescendo as pressões para as substituições, o presidente lhe relatou verbalmente, no Palácio do Planalto, que precisava de pessoas de sua confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência.

Moro disse que o presidente cobrou em reunião do conselho de ministros, no dia 22 de abril, a substituição do superintendente do Rio, do diretor-geral, e relatórios de inteligência e informação da Polícia Federal: o presidente afirmou que iria interferir em todos os ministérios e, quanto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o superintendente do Rio de Janeiro, trocaria o diretor-geral e o próprio ministro da Justiça.

Moro disse que, por exemplo, fazia como ministros do passado e comunicava operações sensíveis da Polícia Federal, após a deflagração das operações com buscas e prisões; que fez isso inúmeras vezes e há mensagens de WhatsApp a esse respeito ora disponibilizadas; que, ilustrativamente, isso aconteceu após as buscas e prisões envolvendo o atual ministro do Turismo e o senador Fernando Bezerra, mas que essas informações não abrangiam dados sigilosos dos inquéritos.

Sobre os relatórios de inteligência que Bolsonaro disse, na semana passada, que queria receber, Moro afirmou que a PF não é órgão de produção direta de inteligência para a Presidência da República, e que Bolsonaro nunca pediu um relatório de inteligência de investigações. E, que, por isso, estranhou o fato que isso tenha sido usado como motivo para demitir Valeixo.

Em seguida, Moro relatou a troca de mensagens entre ele e o presidente revelada pelo JN e disse que, no dia seguinte à conversa, se reuniu com Bolsonaro no Palácio do Planalto, e que o presidente lhe disse que Valeixo seria exonerado, a pedido ou de ofício, e que nomearia o delegado Alexandre Ramagem, porque seria uma pessoa de confiança do presidente, com o qual ele poderia interagir. Moro informou ao presidente que isso representaria uma interferência política na PF, com o abalo da credibilidade do governo, isso tudo durante uma pandemia.

O ex-ministro afirmou que relatou essa conversa aos ministros da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e da Casa Civil, Braga Netto, e disse que não podia aceitar a substituição. E também declarou que sairia do governo e seria obrigado a falar a verdade; que, na ocasião, falou dos pedidos do presidente de obtenção de relatórios de inteligência da PF, que inclusive havia sido objeto de cobrança pelo presidente na reunião de conselho de ministros, oportunidade na qual o ministro Augusto Heleno afirmou que o tipo de relatório de inteligência que o presidente queria não tinha como ser fornecido.

Moro relatou que foi procurado pelo ministro Ramos, que levou a ele uma solução intermediária: a troca de Valeixo por um dos nomes que ele, Moro, havia sugerido a Bolsonaro. O ex-ministro da Justiça narrou então que levou a proposta a Valeixo, que concordou. Moro disse que levou a resposta a Luiz Eduardo Ramos e que afirmou que só concordaria com essa mudança, que não aceitaria trocar o superintendente da PF no Rio, e que ficou aguardando uma resposta final do governo, mas foi surpreendido na madrugada do dia seguinte com a exoneração de Valeixo; e que entendeu que havia desvio de finalidade na exoneração do diretor Maurício Valeixo, à qual se seguiria a provável nomeação de Alexandre Ramagem, pessoa próxima à família do presidente, e as substituições de superintendentes. Tudo isso sem causa, e o que viabilizaria ao presidente da República interagir diretamente com esses nomeados para colher, como admitido pelo próprio presidente, o que ele chamava de relatórios de inteligência, como também admitido pelo próprio presidente.

Moro foi perguntado sobre como o presidente reagia em relação a investigações autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal e se Bolsonaro tinha algum interesse específico em alguma investigação em curso no STF. Moro disse que recebeu uma mensagem no dia 23 de abril enviada pelo presidente com uma reportagem que falava da investigação de deputados bolsonaristas. E que o presidente afirmou que era mais uma razão para troca no comando da PF.

Moro apontou provas que podem confirmar o que ele disse. Entre elas, pedir à Abin os protocolos de encaminhamento dos relatórios de inteligência produzidos com base em informações a ela repassadas pela PF e que demonstrariam que o presidente já tinha, portanto, acesso a informações de inteligência da PF as quais legalmente tinha direito.

Moro disponibilizou as cópias de mensagens do seu celular com o presidente e a deputada Carla Zambelli, e disse que não tem mais mensagens porque passou a apagar depois que teve seu celular invadido por hackers.

Moro concluiu dizendo que caberia ao presidente esclarecer os motivos das sucessivas trocas pretendidas na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, da troca efetuada do diretor-geral da Polícia Federal, bem como que caberia a ele esclarecer que tipo de informação ou relatório de inteligência da PF pretendia obter mediante interação pessoal com o diretor-geral ou superintendente do Rio de Janeiro, além de esclarecer que tipo de conteúdo pretendia nesses relatórios de inteligência.

No fim da tarde desta terça, na porta do Palácio da Alvorada, o presidente parou para falar com a imprensa e mostrou aos jornalistas a tela de seu celular com conversas com o ex-ministro Sergio Moro ocorridas nos dias 22 e 23 de abril. A conversa do dia 23 de abril já havia sido publicada pelo Jornal Nacional no dia da demissão do ex-ministro. Bolsonaro, assim, comprovou a veracidade desta troca de mensagens. O presidente afirmou que a comparação das mensagens de um dia e de outro mostrariam uma mudança de postura de Moro em relação à possível interferência na Polícia Federal.

«Ministro Moro, vou baixar aqui. Isso daqui é o que foi mostrado nas televisões, ‘Polícia Federal na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas’, o link do Antagonista. Embaixo eu escrevi para ele: ‘Mais um motivo para troca’. Isso foi uma prova de interferência minha na Polícia Federal, segundo o senhor Sergio Moro. Isso é de 23 do mês passado. Agora vou trazer para o dia anterior, o mesmo link, porque isso foi no dia anterior, ele começa: ‘Isso é fofoca’. O Moro diz que isso é fofoca. Porque ele tem informação privilegiada. Se isso é fofoca, ele diz que esse inquérito que existe no Supremo não tem nome de deputado federal nenhum, e nem de Carlos Bolsonaro. No dia seguinte, ele já começa a mudar de figura”, disse Bolsonaro.

Segundo Bolsonaro, o que comprovaria a mudança de versão é a frase “isso é fofoca”, escrita por Moro no dia 22, e a única mencionada pelo presidente. Mas as câmeras do JN conseguiram filmar o restante da mensagem. A resposta completa de Moro sobre a notícia de que a PF está na cola de dez a 12 deputados bolsonaristas é: “Isso é fofoca. Tem um delegado da Polícia Federal atuando por requisição no inquérito das fake news e que foi requisitado pelo ministro Alexandre”. Moro está se referindo ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Moro segue: “Não tem como negar atendimento à requisição do STF”.

Na troca de mensagens do dia seguinte, 23 de abril, Bolsonaro insiste no assunto, enviando novamente o link do site O Antagonista, que diz “PF na cola de dez a 12 deputados bolsonaristas”, e escreve: “Mais um motivo para a troca”.

A resposta de Sergio Moro segue a mesma linha do que havia escrito no dia anterior, de que a responsabilidade por esse inquérito é do ministro Alexandre de Moraes: “Este inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre, no STF, diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas”.

Sergio Moro comentou, em nota, a troca de mensagens de texto divulgada nesta terça pelo presidente. Na nota, o ex-ministro afirmou que, nas duas vezes, ciente da intenção do presidente de substituir o diretor-geral da PF, buscou minimizar o fato, afirmando que quem conduzia o inquérito era o ministro Alexandre de Moraes e que a PF só cumpria ordens. Moro disse na nota que a palavra “fofoca” empregada na resposta à primeira mensagem tem esse sentido, de que a PF nada fazia além de seu trabalho regular.

Moro prosseguiu afirmando que, já em relação à segunda mensagem do presidente, não conseguiu responder à afirmação dele de que a existência deste inquérito seria “mais um motivo para troca na PF”.

Moro termina dizendo que entende, respeitosamente, que cabe ao presidente da República explicar como o inquérito se relacionaria com a substituição do diretor-geral da PF, e termina esclarecendo que a presente nota foi produzida apenas porque o próprio presidente trouxe esse debate a público nesta terça.

O Globo


Bolsonaro nega interferência na PF e manda jornalista calar a boca

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atacou a imprensa ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta terça-feira (05/05). O chefe do Executivo reclamou de reportagens sobre o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, e a substituição do superintendente no Rio de Janeiro, Carlos Henrique Oliveira.

Alexandre assumiu o comando da PF nessa segunda-feira (04/05) e, no mesmo dia, sinalizou que faria uma troca na superintendência da corporação no Rio.

Visivelmente irritado, Bolsonaro reclamou das matérias em torno do tema e mandou repórteres calarem a boca. “É uma patifaria, cala a boca, não perguntei nada. Manchete [do jornal Folha de S.Paulo] canalha, mentirosa. Vocês da mídia, tenham vergonha na cara, grande parte só publica patifaria. Passar bem”, disse.

O presidente se queixou de matéria da Folha sobre a intenção do novo diretor-geral em trocar o superintendente do Rio, área de interesse do presidente e dos filhos dele.

“Imprensa canalha. O atual superintendente do Rio de Janeiro, que o Moro disse que eu quero trocar, por questões familiares, não tem nenhum parente meu investigado pela Polícia Federal, nem eu nem meus filhos, zero.”, afirmou.

“Pra onde é que está indo o superintendente do Rio de Janeiro? Pra ser o diretor-executivo da PF. Ele vai sair da superintendência pra ser diretor-executivo. Eu tô trocando ele, eu tô tendo influência sobre a Polícia Federal?, questionou.

Bolsonaro reforçou que Carlos Henrique Oliveira será promovido e não retirado do carro como aponta a imprensa e usou uma comparação para negar que tenha agido para transferir o superintendente do Rio para Brasília. “É a mesma coisa que eu tivesse chegado, vamos supor, pro ministro da Defesa [Fernando Azevedo] e falado o seguinte: ‘Ó, eu quero que troque o comandante do Comando Militar do Sul porque eu não gosto dele’. E ele fala: ‘Tudo bem’ e coloca ele como comandante do Exército”, comparou.

Metrópoles


Brasil tem 6.935 novos casos de covid-19 e 600 mortes confirmadas em 24 horas

O Brasil registrou 6.935 novos casos de coronavírus em 24 horas, segundo informou o Ministério da Saúde nesta 3ª feira (5.mai.2020). Isso equivale a 1 aumento nominal de 302 sobre o dia anterior, quando foram registrados 6.633 novos diagnósticos.

O número de mortes confirmadas no período foi de 600, o máximo já registrado em 24 horas. No dia anterior havia sido 296. O aumento foi de 304.

Wanderson Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde, esclareceu que 25 das 600 mortes ocorreram nesta 3ª feira e 51 no dia anterior. Os demais óbitos ocorreram em datas anteriores e tiveram a confirmação de covid-19 nesta 3ª feira.

O total de casos registrados no Brasil foi a 114.715. O número de mortes é de 7.921.

O 1º caso de coronavírus no país foi registrado em 26 de fevereiro de 2020. A 1ª morte, em 17 de março de 2020.

Há duas semanas o país acumula mais de 2.000 casos novos diagnosticados a cada 24 horas.

Também há registro acima de mais de 100 mortes por dia nos últimos 23 dias.

De acordo com o Ministério da Saúde, 48.221 doentes já se recuperaram de covid-19 no Brasil e outras 58.573 pessoas seguem em acompanhamento.

MÉDIA DE CASOS E MORTES

O Poder360 calcula a média de casos e mortes nos últimos 7 dias.

A curva de óbitos semanais atingiu nesta 3ª o maior patamar já registrado.

O mesmo pode ser dito da média de diagnósticos nos últimos 7 dias:

Poder 360


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