Brasil: protestas por el asesinato de un joven negro de 15 años y denuncian a la Policía

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Adolescente negro é encontrado morto após ser sequestrado e família suspeita de PMs

A morte do jovem Guilherme Silva Guedes, 15 anos, revoltou a população na Vila Clara, zona sul da cidade de São Paulo, na noite desta segunda-feira (15/6). Sequestrado na madrugada de domingo (14/6), ele foi encontrado morto em Diadema, na Grande SP, cidade vizinha ao bairro.

Moradores ficaram indignados com o que aconteceu ao garoto, queimaram ônibus e fecharam avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira no final da tarde.

À Ponte, um familiar do jovem contou como o menino desapareceu. Segundo ele, por volta da 1h30 de domingo, Guilherme estava em frente ao portão da casa de sua avô, na rua Rolando Curti, na mesma Vila Clara, quando dois homens armados o renderam e o levaram.

A família suspeita que policiais militares estejam envolvidos no caso, já que no local em que o menino foi visto pela última vez foi encontrado um pedaço de pano semelhante a farda utilizada pela corporação com a inscrição “SD PM Paulo”.

Um parente do garoto suspeita da ligação de dois homens que atuam como segurança de um galpão da Sabesp, localizado na rua Alvares Fagundes, a poucos metros do ponto em que o garoto foi visto pela última vez.

O mesmo familiar sustentou que, momentos antes de Guilherme deixar a residência da avó, alguns meninos teriam entrado no galpão e feito “uma bagunça por lá”. Os garotos teriam deixado o local correndo e, nesse instante, Guilherme teria saído para rua e sido abordado. “Para mim confundiram ele com quem teria entrado na Sabesp”, afirmou.

O familiar que conversou com a reportagem disse que o corpo do menino tinha ferimentos de tiros na cabeça e em uma das mãos, além de outros machucados pelo corpo, localizado ainda no domingo nas proximidades da avenida Alda, que liga São Paulo a Diadema, a alguns quilômetros de onde foi sequestrado.

No entanto, a família só conseguiu reconhecer o corpo como sendo de Guilherme na tarde desta segunda-feira (15/6), no IML Sul, localizado na Avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini, no Brooklin, zona sul da capital paulista.

“Ele era super tranquilo, amoroso, a gente nunca viu ele brigando. O Guilherme era muito querido na região. A manifestação foi por causa dele, todo mundo gostava dele”, contou o parente.

A professora Danielle Ferreira deu aula de artes para Guilherme no ensino fundamental. Em entrevista à Ponte, ela conta que era um jovem tranquilo. “Um garoto quietinho. Tinha os amigos, fazia bagunça normal de criança. Estava sempre arrumado, fazia as lições”, relembra.

Danielle conta que nunca teve nenhum problema com ele nas aulas e desabafou sobre as suspeitas de parentes e vizinhos de que policiais o sequestraram. “Não eduquei menino para ser morto pela polícia”, afirma.

A mulher conta que saber de casos como esse com tanta proximidade assusta. “Eu estou muito abalada. Tenho um filho de 13 anos e ele não sai na rua porque tenho medo da polícia”, releva.

A morte de Guilherme gerou revolta no início da noite. Moradores da região incendiaram ao menos cinco ônibus como forma de chamar atenção para o sequestro e morte do adolescente. Imagens mostram os veículos pegando fogo e um grupo de pessoas jogando caçambas de entulho no meio da rua para bloquear a passagem de carros.

Após o início da revolta, a população flagrou abordagens violentas da PM. Vídeos obtidos pela Ponte mostram um jovem sendo agredido por dois PMs nas imediações da avenida Fulfaro. A Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio denunciou as ações truculentas da PM na região.

A reportagem apurou que a Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas) e a Força Tática precisaram de reforço no protesto. A Tropa de Choque da PM esteve no local com veículo blindado.
Outro lado

Questionada sobre o homicídio de Guilherme, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, liderada pelo coronel João Camilo Pires de Campos neste governo de João Doria (PSDB), afirmou que o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) comanda a investigação.

“A Polícia Militar também acompanha a apuração. Se comprovada participação policial, medidas cabíveis serão adotadas”, afirma a pasta sobre a suspeita da família do rapaz.

Sobre o protesto, o Corpo de Bombeiros informa que usou sete viaturas para conter os focos de incêndio. “Policiais da área e de batalhões especializados atuam na região para conter os atos de depredação e garantir a segurança das pessoas”, sustenta.

A reportagem também perguntou à PM sobre a suspeita de que policiais militares teriam sequestrado Guilherme. Segundo a corporação, a Corregedoria e o batalhão da PM da área ajudam a Polícia Civil na investigação.

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“Dois homens civilmente trajados teriam raptado o jovem que foi encontrado morto horas depois. Não há indícios concretos até o momento da participação de qualquer policial”, afirma a PM, afirmando que “todas hipóteses estão sob apuração”.

Em relação ao pedaço de farda com a identificação “SD PM Paulo”, a PM explicou que “o nome encontrado não pertence inicialmente a nenhum policial que trabalha na região e horário dos fatos”.

A Ponte, por fim, procurou a Sabesp para saber quem são as pessoas que fazem a segurança do local e se, de fato, o galpão pertence à companhia e foi invadido. Em nota, a Sabesp informou “que o local não pertence à companhia. Trata-se de área particular, apartada, que serve de canteiro de serviços de empresa contratada por licitação. A Sabesp lamenta o ocorrido, pedirá esclarecimentos à empresa e está à disposição das autoridades policiais no que for necessário”.

Ponte


Ônibus são incendiados durante protesto contra morte de adolescente após ação da PM na Zona Sul de SP

Ao menos cinco ônibus foram incendiados ou depredados na noite desta segunda-feira (15), no bairro da Vila Clara, na Zona Sul de São Paulo. Segundo a Polícia Militar, moradores atearam fogo aos veículos em protesto contra a morte de um adolescente que teria desaparecido após uma intervenção de policiais militares durante o fim de semana.

Manifestantes queimam ônibus em protesto contra morte de jovem na Zona Sul de SP. — Foto: Reprodução/GloboNews

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que «o caso envolvendo o adolescente, de 15 anos, foi encaminhado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para investigações. A Polícia Militar também acompanha a apuração. Se for comprovada participação policial, as medidas cabíveis serão adotadas.»

A Polícia Militar disse que o motivo do protesto é a morte de um adolescente de 15 anos na região, mas não há informações de que o jovem foi morto por causa de alguma ação de policiais militares. O corpo do rapaz foi encontrado pela família no Instituto Médico Legal (IML) da cidade.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, não há registro de vítimas e duas equipes foram até a região para conter as chamas.

A PM afirmou que pelo menos uma pessoa foi presa na noite desta segunda, durante o ato contra a morte do adolescente. O suspeito foi encaminhado para 26º DP, no bairro do Sacomã.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que não há registro de vias interditadas na região do protesto, apesar de barricadas feitas em algumas ruas pelos manifestantes.

A SPTrans, por sua vez, informou por meio de nota que «repudia atos de vandalismo e contata a Polícia Militar em tais circunstâncias». O órgão também disse que «dois veículos que operam linhas municipais foram incendiados e outros três depredados durante manifestação em Americanópolis, Zona Sul de São Paulo».

A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU) afirmou que cinco ônibus da concessionária Metra, que operavam as linhas metropolitanas 288 e 290 na Zona Sul da capital, foram vandalizados, entre eles quatro incendiados na Avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira, no trecho do Corredor ABD, próximo à divisa Diadema.

A EMTU disse que não houve vítimas, mas o trecho Diadema – Brooklin da linha 376 teve a operação interrompida no início da noite desta segunda (15), por causa do protesto.

Confronto em Diadema

Segundo a Prefeitura de Diadema, na Grande SP, o protesto extrapolou os limites do município de São Paulo e houve confronto entre manifestantes e soldados do patrulhamento da Guarda Civil Metropolitana (GCM) na cidade vizinha.

No confronto, A GCM usou bombas de gás para dispersar a aglomeração e pelo menos um guarda civil foi ferido na mão por pedras atiradas contra as viaturas policiais, de acordo com o boletim da prefeitura local.

«Na noite desta segunda-feira, durante patrulhamento na região da Vila Élida, uma viatura da GCM de Diadema foi surpreendida por manifestação que se aproximava do município vinda da Av. Eng Armando de Arruda Pereira, na região de Americanópolis, bairro da capital paulista. Ao avistarem a viatura, participantes da manifestação atiraram pedras contra a equipe da ROMU, que acionou reforço ao local. Foi necessário o uso de bombas de gás para dispersar a aglomeração e restabelecer a ordem, garantindo a integridade da população de bem», disse a Prefeitura de Diadema.

A GCM da cidade informou que o guarda ferido foi socorrido ao Hospital Municipal de Diadema, onde foi atendido, liberado e passa bem. A ocorrência está sendo registrada no 3º DP da cidade e pelo menos duas viaturas da corporação foram danificadas no confronto com os manifestantes.

G1


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